CESC reúne governo e carnavalescos para avaliar o carnaval de 2023
A Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa realizou hoje (27) um debate com a presença de carnavalescos e representantes do governo para avaliar a edição deste ano do carnaval de Brasília. Presidente da comissão, o deputado Gabriel Magno (PT) conduziu o debate e enalteceu o potencial da folia brasiliense, mas também chamou a atenção para as falhas. “Brasília provou que tem vocação para o carnaval. Mas também tivemos muitos limites. Vi alguns excessos neste carnaval, inclusive da própria segurança pública”, afirmou o distrital.
A advogada Veranne Magalhães, da comissão de cultura da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), reclamou da falta de planejamento da Secretaria de Cultura na organização do carnaval. “Há um mal planejamento por parte da secretaria com o carnaval. Já estamos começando o mês de março e sabemos que as escolas de samba vão receber verba para alegorias e fantasias a apenas um mês e meio antes do desfile, que neste ano vai ser realizado em abril. É muito difícil que as escolas de samba se apresentem com toda potência dessa maneira”, criticou.
Thiago Petra, carnavalesco do bloco Rivotril, reclamou da burocracia necessária para a liberação de blocos nas ruas do DF. “Os carnavalescos fizeram este carnaval na garra. É incrível o desamparo que o setor do carnaval sofre. A dificuldade de se obter um alvará é muito grande. O nosso território, por exemplo, é na Asa Norte. É um espaço afetivo e de acolhimento. Mas a lei do silêncio impede a gente de sair, mesmo sem trio elétrico”, explicou.
Responsável pela campanha “Folia com Respeito”, Letícia Helena criticou a falta de diálogo da secretaria de Cultura com os organizadores do carnaval. “O governo modificou o decreto que regulamenta o carnaval e excluiu a sociedade civil da discussão”, reclamou. Letícia também apontou a ineficácia da campanha “Carnaval da Paz” na edição deste ano. “O carnaval da paz fracassou. A gente não precisa de um outdoor com a palavra paz. Não se educa as pessoas com 15 dias de antecedência”, observou.
Vários carnavalescos também reclamaram da truculência da Polícia Militar na dispersão dos blocos. Representando a Secretaria de Segurança Pública, o tenente coronel André Gustavo pediu para a população denunciar os excessos cometidos. “Recomendamos que as pessoas denunciem em caso de abuso. Infelizmente não chegaram para nós as denúncias sobre uso indiscriminado de gás de pimenta. Como vamos apurar algo que não foi denunciado? Posso garantir a todos que os policiais acusados vão responder, mas precisamos que as pessoas denunciem”, afirmou.
O policial também apresentou os números das ocorrências registradas no período de carnaval. “Foram apreendidas 55 armas brancas, 1 arma de fogo, 342 celulares furtados. Posso afirmar que a polícia atuou muito mais positivamente do que negativamente”, disse.
Representando a Secretaria de Cultura, Danilo Reis reclamou da falta de estrutura da secretaria para atender a todas as demandas. “Somos muito poucos. A carreira de atividades culturais está esvaziada. Tínhamos 150 aprovados em concurso, e agora só temos 50. Simplesmente não temos mãos para fazer tudo. Não tem planejamento estratégico por falta de gente. Temos muitas pautas e não temos servidores”, afirmou.
Ao final do debate, foi acertada a organização de seminários e audiências públicas ao longo deste ano com o objetivo de aperfeiçoar o planejamento da festa para os anos seguintes.
Fonte: Agência CLDF