Acadêmicos de Niterói estreia na Sapucaí com homenagem a Lula

A escola de samba Acadêmicos de Niterói vai estrear no Grupo Especial da elite do carnaval carioca com uma homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Campeã da Série Ouro em 2025, a agremiação divulgou neste sábado (2) o samba enredo que vai levar para a Marquês de Sapucaí em 2026: Do alto do mulungu surge a esperança: Lula, o operário do Brasil.
A estreia na Passarela do Samba vai ser no domingo, 15 de fevereiro de 2026, na primeira das três noites de desfile.
A azul e branco da região metropolitana do Rio vai desfilar com o enredo do carnavalesco Tiago Martins e do enredista Igor Ricardo, responsável pela criação e desenvolvimento do enredo.
Logo na introdução para apresentar a sinopse – que é o texto que as escolas divulgam para explicar o enredo –, Igor Ricardo destaca que o ex-metalúrgico, que voltou à presidência para cumprir um terceiro mandato, é o político mais bem-sucedido de seu tempo.
O samba lembra que Lula nasceu no agreste pernambucano da mãe, dona Lindu, em uma família de oito filhos. O texto se refere ainda ao mundo fantástico para explicar o inevitável da vida familiar naquela região.
“A vida por lá era dura. Mas medo mesmo a família Silva tinha era das coisas do outro mundo. O que os assombrava eram as histórias de alma penada: o Papa-figo, um velho horrendo que adorava comer o fígado dos pequenos que não se comportavam; os mortos que voltavam do além… A cobra que saía escondida à noite para sugar o leite da mulher que amamentava.”
As brincadeiras eram com animais que apareciam no quintal como calangos, coelhos, preás, beija-flores e até caramujos.
“A paisagem do agreste era o parque de diversões daqueles meninos, e o ‘brinquedo’ favorito de Lula era o pé de mulungu dos arredores de sua casa. Do alto dos seus galhos, o futuro presidente do Brasil vislumbrava os dias com esperança”, aponta a sinopse.
A história segue com a mudança para São Paulo para fugir da seca que castigava Garanhuns em 1952.
“Amontoaram as coisas numa trouxa, guardaram os retratos pendurados na parede, tiraram as imagens de Santa Luzia e São José de seus altares e foram… Foram treze dias e treze noites que pareciam intermináveis num pau de arara de tábuas de madeira”.
O enredo vai lembrar também o período da ditadura militar e a luta sindical que tornou Lula um dos alvos dos militares, além da “tragédia da viuvez e da morte de dona Lindu”.
O samba-enredo da Acadêmicos de Niterói vai abordar também a trajetória e liderança política de Lula, que se tornou deputado constituinte e presidente da República com o compromisso de ajudar os mais pobres.
“Nada do que Lula fez, ele fez sozinho. Sua liderança nasceu, cresceu e se consolidou como expressão de um andar junto.”
A Acadêmicos de Niterói não é a única que fará homenagens a personalidades no carnaval de 2026. A Mocidade Independente vai levar para a avenida um enredo sobre Rita Lee. Na Imperatriz Leopoldinense, o carnavalesco Leandro Vieira escolheu contar a história de Ney Matogrosso. A Viradouro vai celebrar a trajetória do mestre de bateria Ciça com 40 anos de samba.
Já a Vila Isabel vai levar para a avenida o universo do compositor, cantor e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres, um dos fundadores das primeiras escolas de samba do Brasil. O Salgueiro trará o enredo A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau para reverenciar a carnavalesca Rosa Magalhães – campeã nove vezes em escolas de samba do Rio.
As homenagens se estendem ainda à Portela com o enredo O mistério do Príncipe do Bará – a oração do negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande, que mostrará a vida de Custódio Joaquim de Almeida, o Príncipe Custódio, líder africano em Porto Alegre.
Para fechar a última noite de desfiles a Mangueira levará para a Sapucaí o enredo Mestre Sacaca do encanto tucuju – o guardião da Amazônia Negra, para falar do curandeiro e defensor da floresta junto com as manifestações da cultura local.
A série de homenagens tem ainda a escritora Carolina Maria de Jesus na Unidos da Tijuca. A escola vai desenvolver o enredo da autora do livro Quarto de Despejo destacando a importância dela para a literatura brasileira.